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quarta-feira, 18 de dezembro de 2013

Tempo

Saudade não faz o tempo voltar
Medos não fazem o relógio parar

Tic
Tac
Tic                                                                                 O tempo corre
Tac                                                                                                  A vida continua...


E você?
Vai ficar parado no mesmo lugar?


                                                                          Rápido!
Pegue o primeiro trem na estação da vida
e vamos divertir!

Para que sofrer
se há chance de ser feliz?



Sheila Emília

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Fiel escudeiro

Sabia que era você
com esse sorriso falso novamente.
Sabia que voltarias
com estes olhos inquietos,
estas pernas
balançando sem parar,
estas mãos agitadas.
Sabia que um dia
você habitaria novamente em mim
(essas olheiras, esses ombros pesados...)

Como sempre suspeitei
Depois das festas, das conversas fiadas
todos me abandonam a ti.
Quando passa as farras
Você é meu fiel escudeiro.
O único que está sempre ao meu lado.

Então, só queria dizer
Obrigada pela companhia, cansaço.
Conte sempre comigo
(principalmente nas segundas-feiras...)

Sheila Emília


Não posso mais escrever poemas

Não posso mais escrever poemas
Não há o que ser dito.

A alma humana continua entupida
de crueldade;
os sonhos ainda são
ideologias (inalcançáveis?)
e o sol ainda nascerá amanhã.
Você ainda dirigirá seu carro pelo congestionamento da cidade,
perderá o ônibus por causa de 5 minutos de conversa...

A vida será a mesma.
Hoje.
Amanhã.
Sempre.

Não há sentido
em nada
(Nunca houve, eu sei.
Aliás, nunca haverá.)
Para que perder tempo escrevendo o óbvio?

Sheila Emília



domingo, 6 de outubro de 2013

Pontuando uma vida

Ou deixo
uma vírgula,
ou coloco
um ponto final.
Não aguento mais viver
de exclamações!
Brigas, reclamações,
reticências sem fim...
Ai, meu Deus,
até quando vou permanecer nessa interrogação?

Sheila Emília

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Prelúdio às águas serenas

Venha até mim
Águas serenas
Carregue-me no colo.
Cubra-me
Faça-me transbordar.
Transborde-me
da raiz às pontas.
Transborde a poesia
que há em mim.
Limpe a minha visão;
Encha-me de razão
e sentimentos.
O maior paradoxo
é ser humano
A pior ilusão
é ser inteiro
Inteiramente
Tudo
Mundo, mundo
surdo, mudo.
Mundo
Cheio

Pó.

Sheila Emília

Cumprimento de boas-vindas atrasado à chuva



A chuva parou. Os pássaros voltaram. Os passos também. As pegadas de barro... Bem, essas continuarão por muito tempo... Até a próxima chuva, até o sol raiar novamente?


A chuva se foi. Como um pequeno vulto amigo, molhou as flores, os frutos, os cabelos. Limpou jardins e asfaltos. Estragou concretos feitos por pessoas desavisadas, trouxe pingos para as pessoas ficarem mais abraçadas (quem nunca dividiu uma sombrinha?).


Ela chegou de leve e assim ficou. Apareceu somente para dizer: "ainda estou aqui. Só estava tirando umas férias. O descanso acabou. Hora de colocar a mão na massa, ou melhor, hora de colocar a mão na água."



Bem-vinda, chuva!

Sheila Emília

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Esperança

Esperança de dias melhores
é o que nos move.
Ficamos a espera
de tempos felizes;
esperamos
o que nunca irá chegar.
Por quê?
Porque somos assim:
vivemos de sonhos
não-realizáveis;
de planos
que não se concretizarão
e, principalmente,
de uma esperança 
que nunca acaba
e nos faz viver,
ser donos do mundo
(Ao menos, em sonhos).
No 
fundo
todos
nós
vivemos
de 
enganos.

Sheila Emília

segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Pensamentos

Coberto de cobertas
O célebre senhor
Na cama, pensando:
"Vivi ou morri?"
 Sua companheira era a caneta
A única que não o abandonara
Nem mesmo em momentos como aquele.

"Vivi ou morri?"
Quanta tristeza naquele olhar,
Naquele poema
Quanta angústia...

Escrevia para tirar o peso das costas,
Mas para isso acumulava problemas.

Complicada essa vida...
Complicado ser poeta...
"Vivi, morri ou escrevi?"
Cansado de pensar
Cansado de sofrer
Dormiu
Escreveu poemas
Em sonhos

Sheila Emília

Fim

As ruas estão vazias
Os programas matinais parados.
O circo já não tem graça.

Não há mais nada
Que seja como antes.
Tudo um dia esfria:
O almoço, o amor, a tristeza...
A vida é passageira.
E nós?
Morremos quando vivos:
Morremos de tristeza
Morremos de rir
Morremos de amor.

Pouco a pouco
Vamos esvaziando
O que nos alimenta.
Tiramos a areia da ampulheta.

As pessoas que são nossas amigas
Somem
O dinheiro para nos divertir
Acaba
E quando percebemos
Acabamos assim: sem fim
(Há fim pior do que este?)

Sheila Emília

quinta-feira, 22 de agosto de 2013

Do que gosto


Gosto de lembrar datas. Mas, mais que isso, gosto de lembrar sorrisos. Abraços, de amigos. Pessoas que se foram... Ao menos da minha vida. Deixaram-me para trás para trilhar seus caminhos.

Gosto de lembrar de conversas, de lágrimas... De consolos. Gosto de lembrar de gostos. Também dos desgostos... Por que não? Tudo tem dois lados...

Gosto de lembrar de moedas (e seus dois lados).

Gosto de escrever em primeira pessoa. Gosto de lembrar que, na maioria das vezes, escrevo para mim. Para nunca esquecer quem sou. Dos meus sonhos.

Gosto de relembrar que comecei a escrever por causa de outros. Mas sempre escrevi para mim.

Gosto de explicar às pessoas quem sou. Que sou complicada, um paradoxo, um verdadeiro horror!

 Gosto de tentar entender as pessoas se baseando em mim. Claro que nem sempre dá certo, mas um exame de consciência as vezes ajuda.

Gosto de fingir de idiota só para fazer as pessoas rirem. Gosto de salvar o texto que escrevo no Word a cada linha, por garantia de não perder minhas palavras.

Gosto da maioria das coisas. Gosto da maioria das pessoas. Gosto de saber perdoar. Gosto de, diante do erro, conseguir me olhar no espelho e conseguir me ajudar.

Gosto de ser amada. Pelo menos por mim e por Deus. Gosto de ter pessoas ao lado. Por perto. Mas, não perto demais. Aliás, não gosto muito de me envolver com coisas que eu poderei arrepender.

Gosto de fazer as pessoas felizes, mesmo que,as vezes, isso roube um pouco de minha felicidade. Gosto de valorizar meus amigos de verdade. Gosto de ser valorizada.

Enfim, para resumir tudo. Gosto do poder de gostar das coisas que gosto de fazer. Ou melhor. Gosto de gostar (só loucos para entender).


Sheila Emília

domingo, 18 de agosto de 2013

Devaneios

Quero ser um sopro do mundo. Mesmo que o mundo não saiba que eu existo. Mesmo que eu seja como o ar, que todos precisam, mas ninguém dá valor. 

Quero viver sem me importar por quê.

Na verdade, não há motivos para essa sede de vida. Só o medo da morte. O medo da morte me faz querer viver. Mesmo que eu saiba que, na minha insignificância de vida nunca hei vivido nada. Sou só um sopro do mundo... Um grão de areia na praia. Mais um. Um segundo marcado no ponteiro do relógio. Que fica a repetir tic tac tic tac tic tac... Mas ninguém percebe a hora passando, não é?

Só sentimos falta dos minutos perdidos quando morremos. Como supostamente ainda estou viva, não sinto saudade desse barulho constante. O barulho da vida... Não sinto falta de nada. De ser, de sentir... Só sinto que nada sinto. 

Será isso saudade? De quando sentia algo? Ou achava que o fazia?


Sheila Emilia

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Imperativo


Faça mais

Leia mais
Estude mais
Trabalhe mais
Ganhe mais
Pense mais
Gaste menos
Brinque menos
Seja mais sério
Mais adulto
Menos você
Mais do mundo


Viva para ser


Algo 

Alguém
-Quem?
Não importa
Importa ser qualquer coisa
Que não fuja do normal.


Esculte mais

Aprenda mais
O que é certo.
Não pense diferente
(Isso é errado
Loucura
Estupidez),
Mas não seja igual
(Isso é falta de criatividade)
Coma
Beba
Finja que acredita
No que dizem
Até acreditar.
Faça tudo errado
Do jeito certo
Até acabar percebendo
Que morreu 
Sem ter vivido
(Se é que a vida existe).

Sheila Emilia

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Perguntas

E essa mania estúpida de achar que sou alguém;
Que sou diferente: 
A solução do mundo?
E esta esperança idiota que me faz acreditar que tudo sempre dá certo,
Que o mundo inteiro é feliz
E coisas ruins são imaginação
De quem não tem imaginação suficiente
Para abandonar a tristeza?
E essa coragem que me persegue,
E eu deixo que ela me encontre
Para pisotear sobre mim
E depois me abandonar
Como uma idiota
Sem planos e sonhos?
E esse jeito mesquinho de achar que escrever
Faz todos os problemas do mundo acabar?
E esse egoísmo 
Que me faz crer
Que todos os problemas do mundo
São meus?
E esta estranha mania
De ser infeliz?
E essa grande loucura
De procurar pela felicidade
Onde ela nunca se encontra?
E essa burrice
De estar sempre
No lugar errado,
Na hora errada?
E essa mania de escrever
Escrever
Escrever
Sobre nada
E contentar-me com isso?
E essa mania de achar que sou alguém?
E essa mania de criticar minhas manias
Para depois fazer tudo do mesmo jeito?
Burrice
Burrice
Cansaço...

Sheila Emília

domingo, 11 de agosto de 2013

Convite


O tic-tac do relógio não para.
O corre-corre o dia-a-dia percorre.
Bling-blengO sino o sono perde.

Ding-dong...

Shh...

- Quem bate?

- A poesia!

- Donde vem?

- Do dia-a-dia.
  Das vidas apaixonadas
  Das casas mais animadas
  Dos poetas, as melancolias.

- Pra onde vai?

- Para quem quiser ouvir
  Entender e recitar
  E para frente repassar,
  Para outros animar.

- E por que aqui veio bater?

- Não tenho discriminação
  A qualquer um dou a mão
  Basta meu chamado atender.

- Entre então!
  Junte-se a minha casa
  E preencha minhas alegrias;
  Anime os meus dias!
  Mostre-me o sino bater.
  O tic-tac do tempo
  Faça-me compreender.
  O sino que toca na igreja
  Deixe-me escutar
  E com a sua ajuda,
  Novas palavras criar!

- Como me foi pedido
  Aqui eu me hospedei
  A porta você abriu
  E aqui eu ficarei.

- Agora só falta você
  É. Você mesmo.
  Que está lendo este texto
  Ou ouvindo esta mensagem!
  Não importa a sua idade
  Raça, cor ou etnia
  Para falar uma poesia
  Só é preciso vontade.

  Deixar a poesia entrar
  Te procurar e te achar
  Te moldar
  Te transformar
   Para outra pessoa virar.
   E aí: Vai encarar?

Sheila Emília


Segredos


Não sou quem quero
Ser
Talvez por medo.
O que eu sou é pura mentira
A verdadeira eu é um segredo.
Profundo,
Guardado,
Obscuro.
Não mudo.
Nem penso.
Só vivo
Ou melhor, sobre-vivo.
Não existe destino.
Longe, perto...
Talvez exista o incerto.
Ou talvez não.
Quem sabe?
E se tudo for o certo
Não existirá o errado:
“E isso não seria chato?”


Sheila Emilia

quinta-feira, 25 de julho de 2013

Desculpas

Desculpa...
Pelos meus enganos,
Mas sou humana;
Nunca fui perfeita.
Sempre tropeço
E caio em mim.
Desculpe - me
Se te enganei
Mas, se isso consola
Posso te garantir
Que também
Deixei - me enganar.


Sheila Emilia

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Autobiografia

Liga não.
Sou assim mesmo.
Rio por nada
De tudo;
Brinco com coisas
Sérias.
Falo demais
Quando devo ficar calada;
Fico quieta 
Quando estou incomodada.
Falo verdade
Porque não consigo mentir.
E minto 
Sem perceber.
Peço desculpas
Se incomodo alguém,
Mas sou assim!
Não há o que fazer.
Liga não
É só questão de tempo
Até você acostumar.
Se não concorda comigo
É só esperar.

Sheila Emilia

sexta-feira, 28 de junho de 2013

É que eu não sei quem sou

Sabe...
É que eu não sei quem sou...

Não, 
Não
Sou nada.
Sou tudo.
Sou eu.

Desculpe se deixo - lhe confuso.
É que eu não sei quem sou!
Se mudo com o mundo
Ou se o mudo me mudou!

Sou muda.

Sheila Emília 

terça-feira, 18 de junho de 2013

Samba - canção
Não diz o que sinto,
Nem serenatas,
Nem valsas...


Rock ' n' Roll
Não mais me entende,
Nem MPB,
Nem Jazz,
Nem Soul.

Música nenhuma
Faz sentido
Som nenhum
Entende meu ruído.

Não sei porquê,
Mas, ultimamente,
Só o silêncio
Consegue me compreender.


Sheila Emília


terça-feira, 11 de junho de 2013

Se eu morresse amanhã

Se eu morresse amanhã
O céu não seria mais azul,
As nuvens não teriam a mesma cor cinzenta.
Não cresceriam mais flores no jardim ao lado,
Os cachorros não seriam mais abandonados.

Não haveria mais.
Mais guerras,
Mais brigas,
Mais solidão.

Se eu morresse amanhã
Não haveria mais compromissos,
Trabalhos,
Estudos.
Não haveria amigos
Não haveria caminhos
Nem segundas chances desperdiçadas.

Se eu morresse amanhã
Não pensaria mais na morte.
A viveria, simplesmente.

Se eu morresse amanhã
Não pensaria em mais nada
Nem mesmo em pensar.

Morreria simplesmente
Como uma folha que cai da árvore...

Sheila Emilia

terça-feira, 28 de maio de 2013

Errar

Vinte vezes eu repetiria
A mesma burrice
O mesmo erro.

Vinte vezes
Eu faria
Exatamente tudo
Do mesmo jeito.

Vinte, trinta, cinquenta!
Quantas chances houvessem...

Não por teimosia
Não por querer,
Mas por medo.
Medo de um mundo
Onde tudo fosse diferente.
Onde eu não seria "eu"
Onde meu universo não existisse.

Faria tudo igual
Por medo de ser tudo diferente;
De não poder chegar até aqui.

Por medo de não chegar ao fim
Faria tudo assim,
Exatamente.
E seria
Exatamente
Quem sou.

Por que então
Reclamar do que não fiz
Se, no fundo, sei
Que faria tudo novamente
Do mesmo jeito?

Para ser humano...

Sheila Emília

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Querer e Poder



Queria ser dona do mundo... Descobridora de terras, destruidora de fronteiras... Queria ser aventureira.
Queria ir além do horizonte. Queria ser a primeira a chegar... Em determinado lugar.
Queria descobrir o que ninguém procurou... Queria re – inventar...
Queria, queria, queria... Queria mas não podia... Porquê? Porque, de tanto querer, não sabia... O que realmente queria...
De tanto querer tudo não consegui nada... E continuei parada. Como todos os outros que não querem nada...

“Porque querer está tão longe de poder...”
................................................................................................................................
Poderia ser dona do mundo... Descobridora de terras, destruidora de fronteiras... Poderia ser aventureira.
Poderia ir além do horizonte. Poderia ser a primeira a chegar... Em determinado lugar.
Poderia descobrir o que ninguém procurou... Poderia re – inventar...
Poderia, poderia, poderia... Poderia mas não queria... Porquê? Porque, de tanto poder, não sabia... O que realmente queria...
De tanto poder tudo não consegui nada... E continuei parada. Como todos os outros que não podem nada...


“Ascensão e queda são dois lados da mesma moeda...”

....................................

Sheila Emília 

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Virei poeta



Cansei de ser normal:
Virei poeta!
Sei que escrevo mal,
Mas isso não interessa.

O que interessa é escrever.
Assim, de forma rebelde,
Sem interessar-se com o leitor.
Sem querer que ele goste.

Escrever sem rima;
Sem ritmo.
Poesia mal feita;
Estranha.
Poesia de poeta...
Bacana
Ou maluco
Sei lá
Mas poesia,
Já que isso
É o que há...

Sheila Emília

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Dançar


Dançaremos a valsa dos sonhos
Na melodia da música que somos.

Viveremos dançando...
Dançando e cantando
E aprendendo...
E ensinando.

Subiremos ao palco das marés
Ao topo de todas as montanhas
Aos arranha - céus.
Mostraremos aos pequenos
De que somos feitos:
Caneta e papel.


E ao chegar a mais alta montanha
A mais perto dos céus
Iremos descansar...

Não.
Não ficaremos parados,
Conformados,
Esperando a vida passar.

Passaremos.
O resto do nosso tempo
Dançando...
Dançando e cantando
E louvando
Até nossas pernas acabarem,
Nossa garganta secar...
E, assim...
Dançaremos.

Dançaremos a valsa dos sonhos
Na melodia da música que fomos.

Sheila Emíia

Distante...


Distante de mim
De vós
De nós.
Distante...
A distância é uma incógnita: Distante de quê?
De mim...
De você...

Já estou tão longe
Que não há mais distância
Creio até
Que nunca houve presença.

Quando me vejo
Vejo um vazio
Um nada.

Não sou mais a ausência de nada
Sou a presença
Do que nunca realmente existiu:
Eu.



Sheila Emília

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Dia nublado


Hoje acordei feliz. Sem me importar com as nuvens do céu, sem me estressar com o despertador. Acordei com o pé direito. Afinal de contas, começar a semana bem, faz bem.

Porém com o passar do dia, algo foi ficando estranho. O céu acinzentado escureceu a minha vista. Mas mesmo assim, a felicidade persistiu em continuar comigo... De certa forma, lembrei-me de certa frase de Bernado Soares (Fernando Pessoa): “Verifico que, tantas vezes alegre, tantas vezes contente, estou sempre triste.”

No fundo, felicidade e tristeza, vivem lado a lado. Sem uma a outra não existe, não é? E foi por isso que acordei feliz. Porque eu sabia que, por mais escura que estivesse a manhã, por menos que o sol quisesse brilhar, eu poderia me alegrar mais tarde com as nuvens que iriam se afastar...

Sheila Emília

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Para a Lua



Quando eu era mais nova
Disseram - me que a lua era de queijo
E eu a provava...
Saboreava!
Cada vez que olhava para o céu.

Com o passar dos anos
Ela foi perdendo o sabor.
O que antes era queijo viraram crateras;
O que era a bola amarela de meus desenhos virou um astro.

(Astro eu sempre soube que ela era.
Com todo aquele brilho próprio 
Que só ela tinha!)

Pois é. 
Até nisso me desiludiram!
Pois, certo dia, me disseram
Que a lua não tinha luz!
Ela era nada mais que um reflexo do sol...

Hoje, já não tão nova como antes
Paro para olhar a lua
E toda sua beleza.
Sei que ela não é mais de queijo
Sei que ela não tem luz própria.
Já não tem mais o mesmo sabor
Já não é mais a estrela gigante do céu...

Hoje ela é só a lua:
Um astro,
Um reflexo,
Com crateras.

Hoje ela é só a lua:
Mas, o que importa?
Mesmo que ela seja só a lua.
Sem cor.
Sem sabor.
Na minha imaginação ela ainda é a mesma.

Então fecho os olhos por instantes...
Lembro - me daquela época.
Ai, ai...
Como ela era saborosa.
Lembro do tom amarelado que ganhava em meus desenhos.

E rio.
Rio como uma criança.
Deixo transbordar um mar de lembranças em mim.

E me lembro de quando era mais nova.
E de quem sou agora.

Após este momento
Olho para o céu
E vejo, novamente, meu pedaço de queijo:
Amarelo 
Esburacado.
E começo a enxergar os ratos...

-Ah, obrigada, Lua.
Você me faz lembrar
Que, quanto mais velha
Mais criança sou.
E uma prova disso
É que você
Nunca perde seu sabor...


Sheila Emília

quinta-feira, 11 de abril de 2013

O poeta



Meu nome é poeta.
Nasci dos livros
Cresci na poesia.

Meu nome é poeta.
Poeta de pouca fala
Mas, de muita escrita
(Mesmo que sem graça...)

Meu nome é poeta.
Grande amigo de Drummond,
Leminski, Vinícius, Adélia,
Alice, Sorrenti e Coralina.

Meu nome é poeta.
Minha profissão é brincar com palavras.
Meu objetivo é escrever sobre nada
E deixar o mundo encantado com isso...

Meu nome é poeta.
Nasci dos livros
E morro sempre
Que alguém recusa ser meu amigo.

Meu nome é poeta.
Uma pequena curiosidade
Sobre minha pessoa:
O correto me mata!


 

Sheila Emília

quinta-feira, 21 de março de 2013

Outono


As vezes me sinto dopada. Dormente, cansada... Tem dias que estou diferente. Não sei porquê, mas isto não importa. A mente vagueia, teletransporta. Lembranças de coisas que não existiram passam na minha mente. E eu as abraço...

Imagino mundos que existem somente na minha imaginação. Crio a minha vida através de meus sonhos. Me encanto com uma ave. Vejo uma folha caindo no chão. “Como é bela. Como cai suavemente...”. E viajo... Viajo por instantes junto com aquela folha que se perde de seu mundo e encontra um novo. Onde irá morrer e  apodrecer para poder adubar novas vidas...

E eu: será que poderei "adubar" outras vidas? Será que minha palavra um dia vai se separar da árvore mãe para poder fazer nascer outras flores? Será que meus ditos  serão uma folha? Ou será que minha árvore irá apodrecer seca, sem poder repassar seus frutos?

Não sei, não sei... Só sei que irei regar a minha “árvore de palavras” o máximo que puder. Talvez a exponha ao sol as vezes para ela conhecer o mundo, arrancarei as folhas secas e deixarei que ela cresça. Enfim, farei minha parte. Agora, enquanto ao resto... Bem, o homem não manda na natureza assim como não manda em seu destino. O que fazer então? A parte que lhe cabe. Nada cai do céu. Nem as palavras. Nada se consegue se você não fizer sua parte...

Por isso escrevo e continuarei escrevendo até quando puder. Não desanimarei, não desistirei. Farei o possível para que,no futuro, esta minha árvore que só está começando a nascer, fique grande e deixe folhas caírem para poder nascer novas arvorezinhas. Assim como aqueles que me inspiram espero ser a inspiração de muitos. Faço a minha parte. Quanto ao resto, o destino que se vire.



Seja bem - vindo, outono!

Sheila Emília

sábado, 2 de março de 2013

Eu quero sentir o cheiro das flores


Eu quero sentir o cheiro das flores
Deitada na grama, olhando as nuvens.
Quero acreditar que a vida é rosa
E que o mundo é perfeito.

Quero fazer poesia sem rimas
Quero esquecer que o mundo é cinza
Quero a verdade em fantasia.

Quero ser eu.
Sheila Emília
Quero simplicidade no mundo:
A simplicidade da escrita.

Quero sinceridade!
Quero felicidade!
Quero ser como a natureza...

Quero não precisar mentir
Não quero viver para os outros
Quero viver para sempre...

Não quero morrer...

                                                                                                                           Sheila Emília

quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Informatização


Sou desinformatizada
Enquanto a maioria
Não faz nada
Pensando em nada,
Eu fico à toa
Mente lotada
Pensando em coisas
Já ultrapassadas.

Será só eu
Que ainda prefere
Usar o papel?
Ou que prefere
Ao invés do teclado
Usar o pincel?

Não sei de nada
-Não sou globalizada-
Já tenho 16
Mas as vezes me comporto
Como se tivesse 3.

“Sou ultrapassada!”
É o que penso
E é o que eles dizem
A todo momento.
Mas, nessa era
De internet, gente intelectualizada
Fico feliz por ser eu:
Apenas uma adolescente
Um pouco mais que levemente
Desvairada em um mundo
Que é somente seu.

Sheila Emília