Páginas

Labels

terça-feira, 28 de maio de 2013

Errar

Vinte vezes eu repetiria
A mesma burrice
O mesmo erro.

Vinte vezes
Eu faria
Exatamente tudo
Do mesmo jeito.

Vinte, trinta, cinquenta!
Quantas chances houvessem...

Não por teimosia
Não por querer,
Mas por medo.
Medo de um mundo
Onde tudo fosse diferente.
Onde eu não seria "eu"
Onde meu universo não existisse.

Faria tudo igual
Por medo de ser tudo diferente;
De não poder chegar até aqui.

Por medo de não chegar ao fim
Faria tudo assim,
Exatamente.
E seria
Exatamente
Quem sou.

Por que então
Reclamar do que não fiz
Se, no fundo, sei
Que faria tudo novamente
Do mesmo jeito?

Para ser humano...

Sheila Emília

segunda-feira, 27 de maio de 2013

Querer e Poder



Queria ser dona do mundo... Descobridora de terras, destruidora de fronteiras... Queria ser aventureira.
Queria ir além do horizonte. Queria ser a primeira a chegar... Em determinado lugar.
Queria descobrir o que ninguém procurou... Queria re – inventar...
Queria, queria, queria... Queria mas não podia... Porquê? Porque, de tanto querer, não sabia... O que realmente queria...
De tanto querer tudo não consegui nada... E continuei parada. Como todos os outros que não querem nada...

“Porque querer está tão longe de poder...”
................................................................................................................................
Poderia ser dona do mundo... Descobridora de terras, destruidora de fronteiras... Poderia ser aventureira.
Poderia ir além do horizonte. Poderia ser a primeira a chegar... Em determinado lugar.
Poderia descobrir o que ninguém procurou... Poderia re – inventar...
Poderia, poderia, poderia... Poderia mas não queria... Porquê? Porque, de tanto poder, não sabia... O que realmente queria...
De tanto poder tudo não consegui nada... E continuei parada. Como todos os outros que não podem nada...


“Ascensão e queda são dois lados da mesma moeda...”

....................................

Sheila Emília 

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Virei poeta



Cansei de ser normal:
Virei poeta!
Sei que escrevo mal,
Mas isso não interessa.

O que interessa é escrever.
Assim, de forma rebelde,
Sem interessar-se com o leitor.
Sem querer que ele goste.

Escrever sem rima;
Sem ritmo.
Poesia mal feita;
Estranha.
Poesia de poeta...
Bacana
Ou maluco
Sei lá
Mas poesia,
Já que isso
É o que há...

Sheila Emília

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Dançar


Dançaremos a valsa dos sonhos
Na melodia da música que somos.

Viveremos dançando...
Dançando e cantando
E aprendendo...
E ensinando.

Subiremos ao palco das marés
Ao topo de todas as montanhas
Aos arranha - céus.
Mostraremos aos pequenos
De que somos feitos:
Caneta e papel.


E ao chegar a mais alta montanha
A mais perto dos céus
Iremos descansar...

Não.
Não ficaremos parados,
Conformados,
Esperando a vida passar.

Passaremos.
O resto do nosso tempo
Dançando...
Dançando e cantando
E louvando
Até nossas pernas acabarem,
Nossa garganta secar...
E, assim...
Dançaremos.

Dançaremos a valsa dos sonhos
Na melodia da música que fomos.

Sheila Emíia

Distante...


Distante de mim
De vós
De nós.
Distante...
A distância é uma incógnita: Distante de quê?
De mim...
De você...

Já estou tão longe
Que não há mais distância
Creio até
Que nunca houve presença.

Quando me vejo
Vejo um vazio
Um nada.

Não sou mais a ausência de nada
Sou a presença
Do que nunca realmente existiu:
Eu.



Sheila Emília

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Dia nublado


Hoje acordei feliz. Sem me importar com as nuvens do céu, sem me estressar com o despertador. Acordei com o pé direito. Afinal de contas, começar a semana bem, faz bem.

Porém com o passar do dia, algo foi ficando estranho. O céu acinzentado escureceu a minha vista. Mas mesmo assim, a felicidade persistiu em continuar comigo... De certa forma, lembrei-me de certa frase de Bernado Soares (Fernando Pessoa): “Verifico que, tantas vezes alegre, tantas vezes contente, estou sempre triste.”

No fundo, felicidade e tristeza, vivem lado a lado. Sem uma a outra não existe, não é? E foi por isso que acordei feliz. Porque eu sabia que, por mais escura que estivesse a manhã, por menos que o sol quisesse brilhar, eu poderia me alegrar mais tarde com as nuvens que iriam se afastar...

Sheila Emília

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Para a Lua



Quando eu era mais nova
Disseram - me que a lua era de queijo
E eu a provava...
Saboreava!
Cada vez que olhava para o céu.

Com o passar dos anos
Ela foi perdendo o sabor.
O que antes era queijo viraram crateras;
O que era a bola amarela de meus desenhos virou um astro.

(Astro eu sempre soube que ela era.
Com todo aquele brilho próprio 
Que só ela tinha!)

Pois é. 
Até nisso me desiludiram!
Pois, certo dia, me disseram
Que a lua não tinha luz!
Ela era nada mais que um reflexo do sol...

Hoje, já não tão nova como antes
Paro para olhar a lua
E toda sua beleza.
Sei que ela não é mais de queijo
Sei que ela não tem luz própria.
Já não tem mais o mesmo sabor
Já não é mais a estrela gigante do céu...

Hoje ela é só a lua:
Um astro,
Um reflexo,
Com crateras.

Hoje ela é só a lua:
Mas, o que importa?
Mesmo que ela seja só a lua.
Sem cor.
Sem sabor.
Na minha imaginação ela ainda é a mesma.

Então fecho os olhos por instantes...
Lembro - me daquela época.
Ai, ai...
Como ela era saborosa.
Lembro do tom amarelado que ganhava em meus desenhos.

E rio.
Rio como uma criança.
Deixo transbordar um mar de lembranças em mim.

E me lembro de quando era mais nova.
E de quem sou agora.

Após este momento
Olho para o céu
E vejo, novamente, meu pedaço de queijo:
Amarelo 
Esburacado.
E começo a enxergar os ratos...

-Ah, obrigada, Lua.
Você me faz lembrar
Que, quanto mais velha
Mais criança sou.
E uma prova disso
É que você
Nunca perde seu sabor...


Sheila Emília