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sexta-feira, 3 de maio de 2013

Para a Lua



Quando eu era mais nova
Disseram - me que a lua era de queijo
E eu a provava...
Saboreava!
Cada vez que olhava para o céu.

Com o passar dos anos
Ela foi perdendo o sabor.
O que antes era queijo viraram crateras;
O que era a bola amarela de meus desenhos virou um astro.

(Astro eu sempre soube que ela era.
Com todo aquele brilho próprio 
Que só ela tinha!)

Pois é. 
Até nisso me desiludiram!
Pois, certo dia, me disseram
Que a lua não tinha luz!
Ela era nada mais que um reflexo do sol...

Hoje, já não tão nova como antes
Paro para olhar a lua
E toda sua beleza.
Sei que ela não é mais de queijo
Sei que ela não tem luz própria.
Já não tem mais o mesmo sabor
Já não é mais a estrela gigante do céu...

Hoje ela é só a lua:
Um astro,
Um reflexo,
Com crateras.

Hoje ela é só a lua:
Mas, o que importa?
Mesmo que ela seja só a lua.
Sem cor.
Sem sabor.
Na minha imaginação ela ainda é a mesma.

Então fecho os olhos por instantes...
Lembro - me daquela época.
Ai, ai...
Como ela era saborosa.
Lembro do tom amarelado que ganhava em meus desenhos.

E rio.
Rio como uma criança.
Deixo transbordar um mar de lembranças em mim.

E me lembro de quando era mais nova.
E de quem sou agora.

Após este momento
Olho para o céu
E vejo, novamente, meu pedaço de queijo:
Amarelo 
Esburacado.
E começo a enxergar os ratos...

-Ah, obrigada, Lua.
Você me faz lembrar
Que, quanto mais velha
Mais criança sou.
E uma prova disso
É que você
Nunca perde seu sabor...


Sheila Emília

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