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sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Fiel escudeiro

Sabia que era você
com esse sorriso falso novamente.
Sabia que voltarias
com estes olhos inquietos,
estas pernas
balançando sem parar,
estas mãos agitadas.
Sabia que um dia
você habitaria novamente em mim
(essas olheiras, esses ombros pesados...)

Como sempre suspeitei
Depois das festas, das conversas fiadas
todos me abandonam a ti.
Quando passa as farras
Você é meu fiel escudeiro.
O único que está sempre ao meu lado.

Então, só queria dizer
Obrigada pela companhia, cansaço.
Conte sempre comigo
(principalmente nas segundas-feiras...)

Sheila Emília


Não posso mais escrever poemas

Não posso mais escrever poemas
Não há o que ser dito.

A alma humana continua entupida
de crueldade;
os sonhos ainda são
ideologias (inalcançáveis?)
e o sol ainda nascerá amanhã.
Você ainda dirigirá seu carro pelo congestionamento da cidade,
perderá o ônibus por causa de 5 minutos de conversa...

A vida será a mesma.
Hoje.
Amanhã.
Sempre.

Não há sentido
em nada
(Nunca houve, eu sei.
Aliás, nunca haverá.)
Para que perder tempo escrevendo o óbvio?

Sheila Emília



domingo, 6 de outubro de 2013

Pontuando uma vida

Ou deixo
uma vírgula,
ou coloco
um ponto final.
Não aguento mais viver
de exclamações!
Brigas, reclamações,
reticências sem fim...
Ai, meu Deus,
até quando vou permanecer nessa interrogação?

Sheila Emília

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

Prelúdio às águas serenas

Venha até mim
Águas serenas
Carregue-me no colo.
Cubra-me
Faça-me transbordar.
Transborde-me
da raiz às pontas.
Transborde a poesia
que há em mim.
Limpe a minha visão;
Encha-me de razão
e sentimentos.
O maior paradoxo
é ser humano
A pior ilusão
é ser inteiro
Inteiramente
Tudo
Mundo, mundo
surdo, mudo.
Mundo
Cheio

Pó.

Sheila Emília

Cumprimento de boas-vindas atrasado à chuva



A chuva parou. Os pássaros voltaram. Os passos também. As pegadas de barro... Bem, essas continuarão por muito tempo... Até a próxima chuva, até o sol raiar novamente?


A chuva se foi. Como um pequeno vulto amigo, molhou as flores, os frutos, os cabelos. Limpou jardins e asfaltos. Estragou concretos feitos por pessoas desavisadas, trouxe pingos para as pessoas ficarem mais abraçadas (quem nunca dividiu uma sombrinha?).


Ela chegou de leve e assim ficou. Apareceu somente para dizer: "ainda estou aqui. Só estava tirando umas férias. O descanso acabou. Hora de colocar a mão na massa, ou melhor, hora de colocar a mão na água."



Bem-vinda, chuva!

Sheila Emília

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Esperança

Esperança de dias melhores
é o que nos move.
Ficamos a espera
de tempos felizes;
esperamos
o que nunca irá chegar.
Por quê?
Porque somos assim:
vivemos de sonhos
não-realizáveis;
de planos
que não se concretizarão
e, principalmente,
de uma esperança 
que nunca acaba
e nos faz viver,
ser donos do mundo
(Ao menos, em sonhos).
No 
fundo
todos
nós
vivemos
de 
enganos.

Sheila Emília