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quarta-feira, 30 de setembro de 2015

CONFISSÃO

Eu escapo de mim todos os dias
Não é por querer, não
É por esquecer mesmo
Nunca sei onde me vi pela 1a vez

Sheila Emilia

terça-feira, 29 de setembro de 2015

FEITO À MÃO (OU PARA LER COM O OUVIDO)


e eu aqui
sem saber o que pensar
além de que
a lapiseira faz um barulho bonito
de passarinho

Sheila Emilia

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

P.S.

Não use tantas
metáforas que
o poema fica

grande demais
pra ser entendido
Vê se esquece as
aspas e
começa a escrever
teu próprio
caminho!
Palavra que é poeta
só aceita ser
moldada com ferro
e brasa
Espuma branca e
banheira
só pra quem quer
recompensa rápida
Pensa bem mas
pensa pouco
senão a letra foge
Anota com ternura
e delicadeza
tudo que pode
e rasga a folha
com o que não deve
ser lido
Esteja poema
até que o último
verso seja escrito
e deixa o ar
no fim
para quem quiser
post-scriptum

Sheila Emilia

domingo, 16 de agosto de 2015

Céu de giz

- Entra logo! Já é quase feriado de novo e você continua colorindo esse céu de azul!
- Mas é pra deixar o mundo mais calmo. Você não gosta de paz?
- Não.
- Por quê?
- Porque ela atravessa a rua toda vez que eu chego... Anda logo, menino! Guarda esse giz! Depois vem me pedir mais que eu não dou!
- Peraí! Já 'tô quase acabando... Cadê o giz amarelo?
- Pra quê giz amarelo?
- Pra colorir o sol. Ou você acha que o sol também é azul? Ou verde?
- Menino... Pode parar de rir de mim, tá ouvindo? Depois eu te dou uma surra que você vai aprender a respeitar os mais velhos!
- ...
- Aquele menino não me escuta... Não me respeita... Passou o feriadão inteiro pintando o muro de azul... Você acredita que eu disse que daria uma coça de vara nele e ele riu de mim? Com aquele sorriso mais feliz ainda? Você conhece menino mais abusado que esse? Ontem eu falei pra ele que a primeira chuva ia acabar com o céu dele todo... Sabe o que ele respondeu? Que 'tava tudo bem. Junho quase não chove. E mesmo que chovesse. "Com certeza um pedaço de céu continua aqui pra ser refeito de novo. No zero eu nunca fico". E falou assim, todo confiante... E sabe o que ele disse pra mim antes d'eu vim pra cá? Que se a paz um dia gostar de atravessar a rua quando ele passar ele vai pintar o muro de tinta pra ela não conseguir fugir dele. Porque sempre que ela tentar escapar ele vai olhar pro muro e saber que ela 'tá aprisionada ali.
- E você deixou ele falar isso com você?
- Deixei, né? Não ia adiantar nada falar pro menino que paz a gente não prende...
- Então você não fez nada?
- Claro que fiz! Comprei uma caixa de giz colorido nova pra ele usar. Já quase acabou com os giz que ele ganhou na pescaria da festa junina... 'Tá colorindo cada pedacim do muro, depois você olha lá. 'Tá até ficando bonito mesmo... Se você parar pra olhar bem, até que o tal céu acalma a gente mesmo...
- 'Tô falando que menino só faz bagunça...
- Sabe de uma coisa? Adulto também.
- Mas é diferente...
- Verdade. As crianças tentam escapar da sujeira.
E colocou a caixinha embrulhada de presente com o giz em cima do parapeito da janela.
-
Sheila Emília

sexta-feira, 14 de agosto de 2015

MARGEM

Eu tombei
no beiral
a beira da vida
me olhava
com rosto de quem
não quer me
ter por perto
Os marginais me
achavam muito chula
para ser
poeta
e muito crua
para ser
viva
Eu
que enquanto escrevia
era o centro
das atenções
desviei das canetas
por um tempo
somente
para lhes d(ar)

Sheila Emília

Carta a uma jovem menina

O caminho não é o das estrelas. Eu sei porque já caminhei bastante por ele. É mais reto a cada esquina. Principalmente se você resistir à queda "livre" do volume. Não tem calçada da fama quando você sai com uma "arma"na cabeça. Eles dizem que estar armada é um problema (usam os tais "controles de frizz" que você deve conhecer de uma forma ou de outra nos próximos anos). Mas se você estiver disposta a observar vai saber que ela é uma das soluções. Seu cabelo será uma arma de resistência. Arma que poderá ser usada para qualquer ferro que tentarem colocar na sua cabeça. E qualquer preconceito que tentarem lançar em você.

Quando você perceber que não são só as estrelas de Hollywood que devem brilhar, menina... Digo que vai estar pronta para saber que as modelos francesas e você não precisam ser parecidas. Nem na altura, nem na largura, nem no volume, nem na massa... Veja bem. Quando você puder se olhar no espelho sem maquiagem, sem escova, sem saltos e saber que ainda é maravilhosa vai estar no caminho. No caminho de entender que você é um cubo que pode ser preenchido com o que tiver vontade. E que pode ser jogado para o lado que quiser.

Menina. Quando chegar a hora de você perceber que tanto seu cabelo quanto seu corpo é seu você estará livre para abrir a sua caixa e deixar quem quiser entrar. Pode ser azul ou rosa. As cores são suas. Aliás. Quando você chegar neste ponto, não só as cores, mas o mundo poderá ser seu.

Mas até lá, menina... Até lá, entenda. Tudo é processo. Tudo é caminho. Para muito além do sucesso. Para o espelho reletir muito mais que um rosto. Refletir o que ninguém pode ver ou saber que existe: você. O tesouro mais especial que existe. O tesouro que mais vale a pena ser construído e conquistado.

Com carinho e votos de confiança,
Eu.

(Sheila Emília)


segunda-feira, 27 de julho de 2015

Noturno

Concentre
em aceitar
Certas noites
palavras
querem ser só
palavras
e dormir em paz

Sheila Emília

quinta-feira, 2 de julho de 2015

Convite para curtir a página do Facebook

Olá.
Gostaria de convidar a você para curtir a minha nova página do Facebook, onde estou dedicando mais tempo para postar os meus poemas e textos. O endereço é: https://www.facebook.com/poexcia. Além da Po&cia tem também a minha página no site Recanto das Letras. O link é: http://www.recantodasletras.com.br/autores/sheilaemilia.

O blog vai continuar sendo atualizado sempre que possível.

Obrigada pelo acompanhamento do blog.
Sheila Emília

terça-feira, 12 de maio de 2015

Retrato

Depois de nós não haverá mais nada
que lembrará que passamos por aqui
a não ser o retrato
que ficará guardado no fundo da gaveta.
Das nossas roupas,
as traças tratarão de cuidar.
Quem ficará com o nosso anel?
Nossas canetas? Secarão a tinta.
Nossos cadernos? Mofarão.
Nossos óculos irão para algum lixão.
Não restará mais nada de contato
de concreto.
Depois de nossa partida
tornaremos abstratos
Viveremos em lembranças
que serão esquecidas também
(mas o que importa?
Ainda assim valerá a pena)

Sheila Emilia

domingo, 10 de maio de 2015

Literário

Se a gente não lê
tem como enxergar?
Se não vê poesia
tem como
perceber o
rachado de sal que
a lesma fez no muro?
Se a gente não lê
a fantasia de luz
vale a pena?
E o poema?
Se ninguém lhe lê
Ele vai
se acabando
junto com o poet
até sobr

ped
aços

Sheila Emília


terça-feira, 14 de abril de 2015

vida

A vida não é tão
feia nem
bonita
Ela é só assim
ela
Não é classificados para
ficar organizada em
colunas
Vida que é vida
vem é em caderno em branco
se seu dono quiser
uma história
que ele a escreva!

Sheila Emília

segunda-feira, 13 de abril de 2015

PORQUE É PRECISO

Não se engane
Formas não discutem qual
será o café de
amanhã
Não se esqueça
versos não bebem água
junto com o jantar
Não se entretenha
jogos de palavras não
abafam os palavrões julgados
ao vento
O poema não é de
concreto
não é de
tijolo
Não se constrói casa de letrinhas
(mas pode se edificar vidas
de entrelinhas
Palavras preenchem
vazios
mas nunca serão a vida
nunca serão a resposta
São apenas o refúgio
de quem não quer
solução

Sheila Emília


sábado, 14 de março de 2015

Batatas

Não quero mais
alguém para dizer que
meus poemas são
bonitos.
Quero alguém
para concordar que
a vida é crua
e que é muito
melhor batatas
antes de fritas porque
elas ficam
com um gosto mais
natural.

Sheila Emilia


MÁSCARAS DE PAPEL

Não se engane.
Se sou muitas
é só para anotar
a vida no papel depois

Sheila Emilia


segunda-feira, 2 de março de 2015

Aborto

Pontos pontos pontos
Entoam as reticências
entre as conversas inaudíveis
que não puderam ser poetizadas
(Sinto muito. Esse poema
não pôde nascer.)

Sheila Emilia


terça-feira, 17 de fevereiro de 2015

Respiração

É nublando
que se chove
Eu sempre
não entendi
o tempo
mas acreditava
fielmente no ar
no jogo de
ser gente
de respirar
vazio puro
e contentar
em encher
os pulmões

Sheila Emilia

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

Dobradura

Todo papel é
um lindo barquinho
disfarçado de
humanidade. E
se você discorda
eu lhe desdigo:
É só uma poesia
Vai com calma
Não precisa ter
tanta incerteza da
verdade.
Já se você
concorda... Eu pego uma
folha velha e
te ensino o que lembro
da dobradura que
a vida me ensinou
Te mostro como fazer
o papel virar
chapéu e
como nem é
tão difícil transformar
dor em brinquedo
Se você concordar
te ensino a dobrar
palavras pra driblar
os escorregões. Você vai ver.
Eles ficam até mais
bonitos com o
nariz pintado.
Te faço um chapéu
Te faço um triângulo
Te faço uma seta.  Só para
apontar o lado contrário
Até te mostro como
fazer escada com as
palavras pra
pular os degraus depois. Mas só
se você concordar. Porque se
não eu vou embora
e abandono seu barquinho
Tudo bem
Prometo estar por perto
para quando a sua história estiver
amassada
aí a gente junta e
faz uma flor bem
bonita pra vender na
feira
só pra mostrar que com
poesia
até a vida tá
de brincadeira

Sheila Emilia





domingo, 11 de janeiro de 2015

Anúncio

Publique um escrito
que diga nada a
ninguém
Escreva porque
as palavras são vaidosas
e gostam de se exibir
para vazios
Anuncie a chegada
das letras
como quem anuncia
o vácuo
Forme frases como quem
sabe que é preciso alguém
para viver sozinho
Poeme um momento para
dizer que a solidão é sempre
acompanhada
de palavras
e poetas

Sheila Emilia 

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Pré carnaval (ou prefácio "2015")

Vontade mesmo é de ir pro carnaval
e batucar o corpo no ritmo do samba
Vontade mesmo é de fantasiar
de quem eu sou
e sair pelas ruas gritando
VIVA!
VIVA!
Na esperança que alguém ouça
e comece a viver.

Sheila Emilia